MAGDALA
No palco, as influências milenares daquela que é considerada por muitos como a “mulher mais comentada da história”.
A Cia Andaluz revive os passos de uma Madalena arrancada de sua terra natal, de sua origem real, e os taconeos remontam seus passos em busca de um caminho de liberdade e crenças que nem mesmo o tempo pôde apagar. Em busca dos ensinamentos do próprio Cristo, Madalena caminha por tortuosas trilhas fazendo valer sua verdade, em momentos nada fáceis de sustentar, em certas passagens, pagando com a própria carne.
Magdala remonta nuances de amor e ódio, de injustiça e busca infindável pela liberdade de expressão, tocando os espectadores com perguntas que não se permitem calar dentro de olhares perdidos sem saber por onde ir.
Em nossa era, nenhuma história poderia ser mais marcante que esta, por se tratar de reminiscências presentes na vida de qualquer contemporâneo da vida cristã.
“...oh pedaço de mim, oh metade arrancada de mim...” E Madalena segue por rumos que nem mesmo a violência histórica e o medo retórico de toda uma civilização poderiam apagar dessa estrada.
Sob direção de Xico Arantes em coreografias que expressam os sentimentos vividos da forte mulher que ainda hoje é uma incógnita a decifrar, o corpo de baile abre seus leques e xales numa busca cadenciada entre luzes e sombras, num grito silencioso de forte cadencia que faz tremer o palco e se faz ouvir em qualquer um de nossos interiores.
As imagens virtuais, em cena, traduzem as ambivalências que surgem ao se tratar de material tão tocante a todos aqueles que se permitirem um convite para dentro, num novo olhar marcado pela intenção de se olhar para trás para se compreender seu em torno.
E o futuro? “...diz que deu, diz que dá...diz que Deus dará...”
Tenham todos, um bom espetáculo.
Bruno Mendes (Dramaturgia / Psicanálise Leiga)